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O perigo da não política na paisagem urbana

  • Caio Perdomo de Oliveira
  • 10 de abr. de 2018
  • 2 min de leitura

Mestre em Geografia - UFRJ

Professor de Geografia do Ensino Básico

Andando pelo Rio de Janeiro, cidade onde vivo, me deparei com a pichação da imagem abaixo. Repetida nas calçadas e prédios, o que me deixou muito assustado! Será que só eu vi isso? (Pensei).

E lembrei o alerta de Timothy Snyder, em seu livro “Sobre a tirania: vinte lições do século XX para o presente”: “os símbolos de hoje possibilitam a realidade de amanhã. Observe as suásticas e os outros sinais do ódio. Não desvie o olhar, nem se acostume com eles. Remova-os você mesmo e dê o exemplo para que outros também o façam”. Por quê?

Quando o partido Nazista ascendeu ao poder na Alemanha (1933), os nazistas começaram a pintar e marcar os comércios de judeus com a palavra “judia” nas paredes e janelas. Essa marca na paisagem mudou a forma como a sociedade alemã lidava com a economia doméstica, essas lojas começaram a sofrer assaltos e saques. Aposto que à época houve quem comentasse contra e ouvia como réplica: “Qual é problema?” ou “Eles não são judeus!?”, quiçá, “Não há ofensa em salientar que a loja de um judeu é de um judeu.”. Desse modo, naturalizar as marcas na paisagem urbana foi, sem dúvidas, um sinal da leniência do massacre étnico que estava por vir na Alemanha.

A imagem de chamamento religioso, pichada por toda a cidade maravilhosa, é sim assustadora e faz temer o amanhã, sob o argumento dos valores positivos do cristianismo. Porém, em um mundo cada vez mais próximo da invasão dos extremismos religiosos na política, é preciso marcar posição e não ser leniente com o futuro. Não podemos perder o Estado Laico - fundamental para um Estado democrático de direito!

Por duas razões fundamentais:

Na primeira, basta olhar o crescimento da representação no parlamento brasileiro da “bancada da bíblia” que vota e propõe leis muito mais por inspiração na moral religiosa do que nos preceitos de igualdade republicana de opinião e de direito à diferença. A segunda, todas as sociedades comandadas por leis religiosas, quaisquer que sejam, são excludentes e autoritárias. O que certamente não interessa à democracia.

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