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Todo dia um 7x1: a educação perdeu para o descaso

  • Caio Perdomo de Oliveira
  • 4 de set. de 2018
  • 2 min de leitura

Mestre em Geografia - UFRJ

Professor de Geografia do Ensino Básico

Toda ação educativa de Estado está diretamente atrelada a um projeto político educativo maior, pois, as ações estatais são agentes diretos nas mudanças estruturais ou na perpetuação e a reprodução da desigualdade. O incêndio do Museu Nacional é fruto de anos de descaso com a pesquisa, com a ciência e com a educação brasileira. Perdemos feio para o descaso e tomamos mais uma goleada ao visionar um futuro em que o conhecimento acadêmico volta para os feudos da academia, aumentando o abismo intelectual entre sociedade, alunado e catedráticos.

De acordo com o slogan “ciência para todos” os países vinculados à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura (UNESCO) encarregaram-se de um compromisso supranacional de democratizar o acesso à educação e o contato com a ciência. Essa meta está diretamente atrelada a difusão de museus, como ambientes do ensino e aprendizagem compreendendo que o processo de ensino e aprendizagem transborda o espaço definido e delimitado por uma escola.

Portanto, um museu tem papel fundamental na construção de uma sociedade ao: aproximar e popularizar conhecimentos julgados como acadêmicos e científicos; costurar vínculos científicos e afetivos entre as pessoas, seu passado, presente e na construção de seu futuro; além de ser uma agente na fundação de indivíduos críticos (ao expor a ciência e seus temas mais polêmicos).

Constantemente somos alertados para o fantasma do analfabetismo. Porém, o analfabetismo é muito mais que compreender o que se ler e saber juntar letras, palavras e orações de forma coerente. A noção de analfabetismo pode e deve ser ampliada mais explorada, afinal, há um analfabetismo científico, isto é, a capacidade intelectual de um indivíduo desenvolve de compreender o papel das ciências e da matemática no seu cotidiano.

Dessa forma, não nos basta - enquanto sociedade que se propõe ser mais justa - que uma pessoa aprenda apenas a escrever o próprio nome, se ela não é capaz de elaborar um entendimento claro e coerente do mundo que o cerca, baseado em fundamentos e lógicas científicas. Como nos apresenta Moema de Rezende Vergara e Sibele Cazelli os museus têm papel singular na promoção de aprendizagem ao longo da vida (pois é de acesso irrestrito, possibilitando a visita daqueles que já concluíram a escolarização); permitem mais proximidade e sensibilização para os temas científicos e controversos; e contribuem no desenvolvimento profissional de professores.

Sem o Museu Nacional, um dos poucos no país de fácil acesso às populações mais pobres – vide o preço acessível e localização na Zona Norte da Cidade, ao lado da estação do trem - eu vislumbro um Brasil com maior analfabetismo científico!

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